Me pergunto aflito:
O que há entre mim e o espelho?
Pois, se o reflexo me responde,
Eu sou a pergunta.
Então, nesse contexto,
O que há entre mim e o que vejo?
Se o ar que não reflete
Remete-me a essa pergunta sem retorno?
Quais as palavras desse meu contorno
Se, estando vazio, o espelho não me cabe
Tanto quanto, dentro aqui, cheio ou vazio, não me comporto?
Me espalho, me divido, me somo a somas verbais...
Sinto-me, frente ao espelho, muito mais.
Enxergo-me pouco, regrado, curto...
Entendo-me falso, miragem sem calor...
E experimento o sabor da incompreensão pessoal.
Se sou o que vejo, e só vejo o que quero,
Faltam partes do eu que me querem vocês
O espelho não responde o que não pergunto.
Então eu questiono:
Quem sou do que quero e não espero do meu ser?
(Ramon Argolo)