A Razão das Flores...

Tentando responder a pergunta de um blog amigo "Por que você faz poema???" (Herculano Neto), devo admitir que trata-se de uma pergunta profunda demais. Posso dizer que me faz bem tentar descrever tudo o que me agita ou me tira do sério, tudo o que me encanta ou apaixona demais. Admito que não sei olhar o dia sem notar o brilho dos raios solares refletido nos olhares diversos, ou a palidez dos dias de chuva escorridos nas faces gerais. Admito que sou limitado e que consigo me expandir cada vez que escrevo.

sábado, 22 de agosto de 2009

Entre mim e o espelho




Me pergunto aflito:
O que há entre mim e o espelho?
Pois, se o reflexo me responde,
Eu sou a pergunta.

Então, nesse contexto,
O que há entre mim e o que vejo?
Se o ar que não reflete
Remete-me a essa pergunta sem retorno?

Quais as palavras desse meu contorno
Se, estando vazio, o espelho não me cabe
Tanto quanto, dentro aqui, cheio ou vazio, não me comporto?
Me espalho, me divido, me somo a somas verbais...

Sinto-me, frente ao espelho, muito mais.
Enxergo-me pouco, regrado, curto...
Entendo-me falso, miragem sem calor...
E experimento o sabor da incompreensão pessoal.

Se sou o que vejo, e só vejo o que quero,
Faltam partes do eu que me querem vocês
O espelho não responde o que não pergunto.
Então eu questiono:
Quem sou do que quero e não espero do meu ser?

(Ramon Argolo)