A Razão das Flores...

Tentando responder a pergunta de um blog amigo "Por que você faz poema???" (Herculano Neto), devo admitir que trata-se de uma pergunta profunda demais. Posso dizer que me faz bem tentar descrever tudo o que me agita ou me tira do sério, tudo o que me encanta ou apaixona demais. Admito que não sei olhar o dia sem notar o brilho dos raios solares refletido nos olhares diversos, ou a palidez dos dias de chuva escorridos nas faces gerais. Admito que sou limitado e que consigo me expandir cada vez que escrevo.

quarta-feira, 16 de abril de 2014

Olhos de Tandera


Agora eu estou entre nós dois
eu e meu eu, olhos nos olhos
Entre aquele que enfrenta e o que pondera
me vendo perto e longe, olhos de Tandera
Agora eu estou no meio do termo
no fim do passeio, olhando a avenida
Estou a ponto de me jogar de vez na sua vida...

(Ramon Argolo)

De tudo o que há


De tudo que há em mim você é dona
eu que sou agora a pura felicidade
posto que és todo o mar e imensidão
teu olhar, claro astro magnético, minha lua,
para onde meu rio te persegue 
num desaguar abundante e sem fim
qual canino fiel que segue com o instinto do amor
guiado por essa luz refletida em tuas águas
e pelo cheiro da maré que te encontro paz
De tudo que há em mim, você, eu, o nós.


(Ramon Argolo)

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

De tolo?


O romantismo morreu grudado num chiclete barato, na sola de um sapato rodado que pisa constatemente ruas banhadas a ouro...


(Ramon Argolo)

sábado, 22 de agosto de 2009

Entre mim e o espelho




Me pergunto aflito:
O que há entre mim e o espelho?
Pois, se o reflexo me responde,
Eu sou a pergunta.

Então, nesse contexto,
O que há entre mim e o que vejo?
Se o ar que não reflete
Remete-me a essa pergunta sem retorno?

Quais as palavras desse meu contorno
Se, estando vazio, o espelho não me cabe
Tanto quanto, dentro aqui, cheio ou vazio, não me comporto?
Me espalho, me divido, me somo a somas verbais...

Sinto-me, frente ao espelho, muito mais.
Enxergo-me pouco, regrado, curto...
Entendo-me falso, miragem sem calor...
E experimento o sabor da incompreensão pessoal.

Se sou o que vejo, e só vejo o que quero,
Faltam partes do eu que me querem vocês
O espelho não responde o que não pergunto.
Então eu questiono:
Quem sou do que quero e não espero do meu ser?

(Ramon Argolo)

sábado, 18 de julho de 2009

POR QUE VOCÊ FAZ POEMA?




para dizer sem dizer
e irritar quem não me entende
(quem me detesta
mas esmiúça minha palavra)

para alentar meu público fiel
meu público efêmero

para exibir minha verve
em troca do elogio oco
do pouco-caso

para que os conhecidos
busquem meus enganos nas entrelinhas
e os desconhecidos espelho na minha farsa

para transformar minha frase em verso
meu verso em canção
cartão-postal
epígrafe
tatuagem
epitáfio
sacada genial

(Herculano Neto)